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segunda-feira, dezembro 06, 2010

Racionalizando


Eu tentei racionalizar você. Fiz minha cartilha e decorei minha fala: não tenho motivos para me apaixonar. 
Mas por que é que eu conseguia falar com todo mundo, menos com você?
O que me impedia de ser a excêntrica de sempre? Eu mal conseguia te falar 'oi'! 
Não é ridículo? 
Nas minhas férias, deu certo, não lembrava mais o motivo de eu ter me encantado, nem estava com saudades de ficar estática perto de você.
Deduzi que você me achava a pessoa mais estranha do mundo, horas rindo, horas falante de mais, e horas queta, como se nunca tivessemos conversado...
É, a garota que não decide o que quer! Não tiro sua razão, se você achar tudo isso de mim. Pode fugir agora, porque eu tenho um potencial enorme pra te trazer dor.


As férias acabaram, e eu vi você. Ah, como eu queria não ter visto! Como eu queria não ter lembrado da sensação de esquecer do oxigênio! Deletei a frase, mesmo achando impossível deletar alguma coisa da mente como num computador. E alguns dias depois, quando eu criei coragem de me aproximar, consegui não ser idiota. Você não tem ideia do que é isso, não é?
Se soubesse o que eu passo por sempre falar alguma coisa inapropriada quando eu menos quero, acharia linda minha façanha. Eu consegui ser simples, consegui não reclamar de nada, não falei palavrões, nem expus minhas inseguranças. Um desafio vencido. E então você começou a me falar 'oi'. Sabe o que é mais estranho? Eu sentia que você, por algum motivo, desviava o olhar quando eu cumprimentava algum amigo seu por perto. Não fazia contato visual de jeito nenhum, e eu ficava sem graça de te cumprimentar. E agora é você que sorri e procura meu olhar, que às vezes desvio sem querer. Talvez você se sentisse assim: com medo de ser engolido, ou de admitir alguma coisa presa. Eu fujo dos seus olhos, mas depois me lembro de como me sentia na situação inversa. 'Oi', 'tchau' ou um sorriso, significando qualquer uma das duas opções anteriores, nossos diálogos não se expandem, mas nossos sorrisos, sim.....


Hoje decidi te esquecer, mas amanhã vou te ver. Ah, esquece esse texto todo. Deixa só eu olhar pra você, sem respirar, sem falar, sem me mover. Acho que esse é o relacionamento mais humano que eu já tive: Só eu sinto, só eu sofro, só eu acho que existe.